Quem vai codar o futuro?
🧠 Quando Zuckerberg diz que “todo código será gerado em 18 meses” e Satya Nadella afirma que “30% do código da Microsoft já é feito por IA”, parece que estamos diante do apocalipse dos programadores. Mas será mesmo o fim da arte de codar?
Spoiler: não. Mas o jogo virou — e só vai continuar jogando quem entender as novas regras.
⚙️ Do teclado ao pensamento computacional
A ideia de que “todo mundo deveria aprender a programar” ganhou status quase dogmático na última década. Agora, com os modelos de linguagem completando código como se fosse mágica, muita gente pergunta: “preciso mesmo aprender a codar?”
A resposta é um sonoro sim, mas com asterisco. A programação do futuro não é sobre digitar comandos. É sobre pensar de forma computacional, saber decompor problemas, entender lógica, abstração, e orquestrar agentes inteligentes.
Aprender a programar virou o novo aprender a ler — não porque você vai virar escritor, mas porque sem isso você é analfabeto num mundo digital.
💡 Vibe coding e a nova criatividade assistida
“Vibe coding” é o nome do momento. Codar sem se preocupar com sintaxe. Focar na ideia, no flow, e deixar a IA cuidar da parte chata. É o jazz da programação. Improviso, criatividade e tecnologia dançando juntos.
E se antes era preciso um exército de devs para tirar uma ideia do papel, agora bastam boas perguntas, senso estético e ferramentas no-code ou IA-friendly. Resultado? Mais gente pode criar software. Inclusive quem nunca estudou computação.
📉 A crise invisível: onde estão os primeiros empregos?
Ao mesmo tempo, a porta de entrada está mais estreita. A turma jovem — especialmente mulheres e minorias — está achando cada vez mais difícil conseguir o primeiro estágio ou emprego na área.
Não é só a IA. É o clima econômico, a retração das Big Techs e o colapso silencioso dos programas de diversidade.
Como resolver? Projetos pessoais, portfólios públicos, aprendizado contínuo. Mostrar que você não apenas estudou, mas fez. Mais do que currículo, é preciso mostrar rastro. “Ripples”, como eles dizem.
🚀 O job do futuro? Editor, não executor
Com máquinas cada vez mais boas em fazer, o humano vai precisar ser bom em escolher. O novo profissional não é o executor. É o curador, o editor, o estrategista.
É quem tem gosto. É quem sabe usar IA como se usa um instrumento — com sensibilidade, direção e estilo.
Num mundo inundado por código gerado, quem sabe o que merece ser feito é rei.
📊 Empreendedorismo interno: de cargos a criações
Outro sintoma desse futuro: o fim dos departamentos rígidos. O “designer que programa”, o “PM que prototipa”, o “marketeiro que automatiza” — tudo isso antes parecia bicho estranho. Agora é o perfil ideal.
Dentro das empresas, surge o “intraempreendedor”: alguém que tem uma ideia e, com ajuda da IA, executa do começo ao fim. A burocracia perde. A criatividade ganha.
⚠️ O que a escola não ensina (e deveria)
Faculdades ainda ensinam arquitetura de computadores como se estivéssemos em 1999. Mas o que o mercado quer é gente que saiba construir, integrar, pensar.
A proposta? Menos diploma, mais oficina. Voltar à lógica da aprendizagem como ofício. Educação como um conjunto de habilidades práticas, não como um currículo fossilizado.
📢 No fim, tudo é sobre acesso
A democratização do código só é real se todos tiverem acesso às ferramentas. E esse é o risco do momento: com empresas cortando investimentos em inclusão, diversidade e formação, a IA pode virar mais um muro, não uma ponte.
É preciso garantir que o futuro do software não seja só feito por e para os mesmos de sempre.
Fontes
Entrevista da Bloomber com líderes de tecnologia
“The New Literacy: Why Computational Thinking is Critical Today”, Wired.
“AI and the Future of Coding”, Microsoft Research.
Bakewell, Sarah. “Taste as a Core Skill in the Age of AI”, The Atlantic.
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